MEMÓRIA

 

Sobre o Museu

A história do Museu Oceanográfico começa em 8 de setembro de 1953, quando a Sociedade de Estudos Oceanográficos do Rio Grande (SEORG) fundou o Museu que passou a funcionar na Praça Tamandaré – na casinha do jardineiro – a qual foi emprestada pela Prefeitura Municipal do Rio Grande.


Foi uma iniciativa de três amigos: o prof. Eliézer Rios, o biólogo Boaventura Barcellos e o eng. Iugoslavo Nicolas Vilhar.

Naquela época, o Museu funcionou na Praça Tamandaré, num lugar muito bonito organizado e aberto ao público. Como primeiro diretor, o Museu teve o biólogo Boaventura Barcellos que assumiu a direção por alguns anos; passando a função ao Prof. Eliézer de Carvalho Rios, o qual dá nome ao Museu Oceanográfico.

Com a transferência do Museu Oceanográfico para a Fundação Cidade do Rio Grande, ele passou a ter prédio próprio, o qual está instalado até hoje.

Em 1973, com a aprovação do Projeto Atlântico e a construção da Base Oceanográfica Atlântica, a FURG tratou com a Fundação Cidade do Rio Grande a passagem do Museu para a Universidade com o intuito de reforçar o complexo de pesquisas oceanográficas voltadas ao ecossistema oceanocosteiro/lagunar.

Em janeiro de 1974, a Fundação Cidade do Rio Grande passa o Museu Oceanográfico para a Universidade dando origem ao Complexo de Museus da FURG que existe até hoje na cidade do Rio Grande. Foi muito importante a colaboração e o apoio do Prof, Eurípedes Falcão Vieira – Reitor - com visão de futuro e que muito contribuiu para que o Museu se estabelecesse neste formato que tem até hoje; ressalta-se ainda o apoio do Eng. Francisco Martins Bastos e também do Sr. Henrique José Vieira da Fonseca, que através da Fundação Cidade do Rio Grande fizeram todos os movimentos necessários para que o Museu fosse transferido à Universidade.

O Museu foi construído com recursos doados por cinco empresas de pesca local, a Indústria Brasileira de Peixe S.A.– Pescal; a Indústria Riograndese de Pescado S.A.; a Indústrias Reunidas Leal Santos S.A; Torquato Pontes Pescados S.A e Wigg S.A. Comércio e Indústria e com o importante apoio da Refinaria de Petróleo Riograndense (antiga Refinaria Ipiranga) a qual é parceira até hoje.

A instituição mantém uma exposição pública sobre a vida e a dinâmica dos oceanos, apresentada em painéis, maquetes, aquários e diversos equipamentos utilizados em pesquisas oceanográficas. Nos painéis das salas do Museu são apresentadas centenas de conchas, que enriquecem a coleção de moluscos.

Aproximadamente 50% do acervo representa a malacofauna brasileira. Os espécimes são preservados inteiros secos, inteiros em líquidos e partes de espécimes secos (peles, esqueleto, conchas, ossos, crânios, ovos, penas). As ilhas oceânicas brasileiras também fazem parte das pesquisas do museu. Algumas expedições foram realizadas, tais como: Atol das Rocas, em 1977 e 1982; Arquipélago de Abrolhos, em 1978 e 1980; Arquipélago de Fernando de Noronha, em 1979 e Arquipélago de São Pedro e São Paulo, a partir de 2001. Com base nesse material, várias espécies estão sendo estudadas e muitas já foram descritas.

Com a implementação do Banco de Imagens e Dados (BID), projeto financiado pela Petrobras, 46.200 amostras de moluscos foram catalogadas, promovendo um grande avanço no manejo dessas informações.

O museu abre de terça a sábado das 8h as 12h e das 14h as 18h. E aos domingos das 14h as 18h.

 

  • Sobre o Fundador

 

O professor Eliézer de Carvalho Rios (1921-2015) foi um dos maiores pesquisadores brasileiros na Oceanografia, com ênfase em Malacologia. Graduou-se em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1944 e ensinou Química Inorgânica durante 25 anos na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), da qual foi fundador e professor emérito.

O professor Rios foi um pioneiro da Oceanografia gaúcha. Sempre manteve prolífica correspondência com diversas instituições pelo mundo, sobretudo instituições oceanográficas norte-americanas, construindo colaborações e intercâmbios científicos.

Em 1953 fundou o Museu Oceanográfico, o qual dirigiu por 50 anos. Nesse espaço, passou a desenvolver pesquisas de laboratório e implantou uma exposição com seu acervo para visitação, contribuindo para despertar na população local o interesse pelas ciências do mar.

"O centenário do nascimento do Prof. Rios suscita a terna memória deste mestre que tanto contribuiu para a pesquisa, ensino e extensão e que potencializou o desenvolvimento acadêmico e social do Rio Grande", destaca o diretor do Complexo de Museus da FURG, Lauro Barcellos.

Em um primeiro momento, o Museu Oceanográfico esteve localizado na Praça Tamandaré, funcionando na Casa do Jardineiro cedida pela Prefeitura Municipal até 1973, quando então ficou pronta a nova (e atual) sede, situada na Rua Heitor Perdigão, com o apoio da Fundação Cidade do Rio Grande. Na época, seu presidente era Francisco Martins Bastos. Até hoje, esta sede é considerada muito importante, tendo passado por diversas atualizações e modernizações das exposições e coleções.

Durante esses 50 anos em que esteve na diretoria do Museu, o professor Rios montou uma coleção de 51 mil amostras de conchas e 8,8 mil espécies. Escreveu também quatro livros sobre conchas brasileiras (1970, 1975, 1985 e 1994) e publicou 70 artigos científicos sobre moluscos. Em 1971, ele recebeu seu diploma de mestrado em Malacologia e, depois, fez um curso na Ufrgs ministrado pelo professor Emily Vokes, da Tulane University, EUA. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Malacologia por duas vezes (1977-1979 e 1991-1993), e também um dos fundadores do curso de Oceanologia da Universidade Federal do Rio Grande.

O professor Eliézer de Carvalho Rios, que atuava no curso de Engenharia Industrial, foi indicado para assumir o cargo de diretor do curso de Oceanologia e coordenar as medidas administrativas para seu funcionamento. A primeira turma era constituída, em sua maioria, por acadêmicos do Rio Grande do Sul. As aulas tiveram início no dia 1° de março de 1971. A aula inaugural, que teve por título “Novos Mundos da Oceanografia”, foi proferida no auditório da Biblioteca Rio-Grandense pelo diretor do curso.

O Museu Oceanográfico foi a instituição que permitiu a fundação, posteriormente, do Complexo de Museus da FURG, que hoje compreende o Centro de Recuperação de Animais Marinhos, Centro de Convívio dos Meninos do Mar, Museu Antártico, Eco-Museu Ilha da Pólvora e Museu Náutico.

Por Fernando Halal